domingo, 7 de junho de 2015

O lado humano da computação: Computadores analógicos

Continuando nossa viagem através da história das personalidades que contribuíram para o desenvolvimento da computação, cabe destacar aqueles responsáveis pelo surgimento das máquinas integradoras. Estas máquinas evoluíram até os computadores eletrônicos analógicos (alguns ainda usados até os dias de hoje para aplicações especiais) e serviram de base para o surgimento dos computadores digitais.

Por volta do século XV passaram a existir dispositivos analógicos mais sofisticados, chamados “tide predictors”. Estas máquinas foram construídas para prever o fluxo e refluxo das marés e as variações irregulares em suas alturas, reduzindo cálculos trabalhosos e erros aos quais as previsões eram sujeitas. Em outras palavras, elas permitiam ao usuário ler o tempo aproximado entre a maré alta e baixa.

Na metade do século XVIII, quando foi possível encontrar uma fórmula para o cálculo de séries de coeficientes de coseno, William Thomson (1824-1907) construiu uma máquina analógica para avaliar essa fórmula, o analisador harmônico. Thomson, mais conhecido como Lord Kelvin, nasceu na Irlanda e fez importantes contribuições na análise matemática da eletricidade e termodinâmica, e buscou a unificação das disciplinas emergentes da física em sua forma moderna. É conhecido por desenvolver a escala Kelvin de temperatura absoluta (onde o zero absoluto é definido como 0 K).

A última invenção de Kelvin relevante para nossa história foi o que agora é chamado Analisador Diferencial, um dispositivo para a solução de sistemas de equações diferenciais ordinárias. Kelvin nunca chegou a construir sua máquina por não dispor de tecnologia suficiente.

Outro nome relacionado à efetiva produção de dispositivos analógicos para resolução de cálculos mais complexos é o de James Clerk Maxwell (1831-1879). Físico e matemático britânico, Maxwell inventou dispositivos analógicos por volta de 1860 e é o criador da teoria sobre a eletricidade e o magnetismo.

Destaca-se neste período (primeiros anos do século XX) a contribuição de muitos físicos e engenheiros de todo o mundo, interessados em trabalhar questões fundamentais da área de eletricidade. Podem ser citados: Vannevar Bush no MIT, A.E. Kennelly de Harvard e do MIT, C.P Steinmetz da General Electric, entre outros.

Este primeiro, Vannevar Bush (1890-1974), foi um engenheiro, inventor e político estadunidense, conhecido pelo seu papel político no desenvolvimento da bomba atômica e pela ideia do memex, considerado um conceito percursor da world wide web. Bush foi considerado o “santo patrono da ciência americana” durante a Segunda Guerra Mundial e o início da Guerra Fria, e construiu o mais famoso analisador diferencial mecânico, no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).

Entre 1927 e 1931, Vannevar Bush e sua equipe no MIT desenvolveram mecanismos para resolver equações diferenciais ordinárias. Bush deve especialmente a C. W. Niemann (1886-1963), engenheiro e inventor do amplificador de torque Bethlehem, a possibilidade de ter construído seu famoso analisador diferencial.

Também não se pode esquecer o trabalho fundamental do inglês Oliver Heaviside (1850-1897). Apesar de suas inúmeras contribuições para o eletromagnetismo, é mais conhecido pelo estudo da análise vetorial; ele introduziu o cálculo operacional para resolver equações diferenciais dos circuitos, tornando as equações algébricas facilmente resolvíveis. Além disso, ele desenvolveu um dispositivo matemático para manipular equações e analisar indução eletromagnética.

Ainda dentro do mundo dos computadores analógicos, deve-se destacar o trabalho do físico inglês Douglas Hartree (1897-1958), das universidades de Manchester e Cambridge, que tentou resolver equações diferenciais parciais com analisadores diferenciais, e que, ao deparar-se com cálculos altamente complexos, anteviu e preparou o advento dos computadores eletrônicos.

As novas descobertas da indústria e da ciência no campo da eletricidade proporcionaram rapidez e precisão aos equipamentos. Isso, somado a limitação dos equivalentes analógicos eletromecânicos, acabaria por impor a nova tecnologia de circuitos e uma nova era da Computação.

Assina-la também que a partir da década de 1930 já se dispunha da tecnologia necessária para se construir aquela estrutura imaginada por Babbage. O engenheiro civil Konrad Zuse (1910-1995) foi o primeiro a desenvolver máquinas de cálculo controladas automaticamente. Em 1934, depois de várias idéias e tentativas, Zuse chegou à conclusão que um calculador automático somente necessitaria de três unidades básicas: uma controladora, uma memória e um dispositivo de cálculo para a aritmética. Ao longo dos anos, ele desenvolveu computadores utilizando as tecnologias existentes, no entanto, o impacto destas para o desenvolvimento geral da Computação é pequeno devido o absoluto desconhecimento delas até um pouco depois da Segunda Guerra Mundial.

Também nesta época, o matemático, lógico e criptoanalista britânico Alan Turing (1912-1954) retoma a ideia da Máquina Analítica de Babbage, o que terá consequências decisivas para a história da computação. Durante a Segunda Guerra Mundial, Turing trabalhou para a inteligência britânica em Bletchley Park, onde planejou uma série de técnicas para quebrar os códigos alemães, incluindo o método da bomba eletromecânica, uma máquina eletromecânica que poderia encontrar definições para a máquina Enigma. Após a guerra, ele criou um dos primeiros projetos para um computador com um programa armazenado, o ACE. Turing foi influente no desenvolvimento da ciência da computação e na formalização dos conceitos de algoritmo e computação, desempenhando um papel importante na criação do computador moderno.

Enquanto Turing desenvolvia a ideia da sua “Máquina Universal" e formalizava o conceito do que é computar e do que é um algoritmo, nos Estados Unidos dois outros matemáticos também consideravam o problema da computação: Howard Aiken e George Stibitz. Eles procuravam componentes eletromecânicos que pudessem ser usados na computação de cálculos.

Stibitz (1904-1995) demonstrou que relês podiam ser utilizados para executar operações aritméticas e, a partir de 1938, juntamente com S. B. Willians começou a implementar suas ideias. As invenções de Stibitz, juntamente com os computadores do Dr. Zuse foram os primeiros computadores de código binário, baseados em relês.

Ao mesmo tempo, nos Laboratórios de Computação de Harvard, Howard Hathaway Aiken (1900-1973) e engenheiros da IBM começaram a desenvolver outro tipo de máquinas eletromecânicas, não totalmente baseada nos relês, já incorporando uma nova tecnologia que seria amplamente utilizada mais tarde: as memórias de núcleo de ferrite. A máquina desenvolvida por eles, o IBM Automatic Sequence Controlled Calculator, comumente chamado de Harvard Mark I, teve sua primeira versão finalizada em 1943, em 1944, foi imediatamente adotado pela marinha americana, para fins militares, e novas versões foram produzidas até 1952.

O engenheiro Claude E. Shannon (1916-2001) também deu uma grande contribuição à Computação: em 1937 ele estabeleceu uma ligação entre os circuitos elétricos e o formalismo lógico. Shannon mostrou um caminho para que máquinas baseadas na lógica algébrica descrita um século antes por George Boole, aquela em que só havia dois valores no sistema de cálculo lógico: 1 (verdadeiro) e 0 (falso), fossem projetadas.

Em 1940, Shannon começou a desenvolver uma descrição matemática da informação, dando origem a um ramo de estudos conhecido como Teoria da Informação. Além disso, deu importantes contribuições na área da Inteligência Artificial, especialmente por propor que computadores digitais poderiam ser adaptados para trabalhar simbolicamente com elementos representando palavras, proposições ou outras entidades conceituais.

A seguir abordaremos alguns dos nomes da Computação Eletrônica. 

Fontes:
Fonseca Filho, Cléuzio. História da computação: O Caminho do Pensamento e da Tecnologia.  – Porto Alegre : EDIPUCRS, 2007
Wikipédia

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